Sylvia Colombo https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br Latinidades Tue, 30 Nov 2021 12:31:53 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Honduras, um desafio para a região https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2021/09/07/honduras-um-desafio-para-a-regiao/ https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2021/09/07/honduras-um-desafio-para-a-regiao/#respond Tue, 07 Sep 2021 14:22:19 +0000 https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/files/2021/09/5a562e1908f3d9dc388b4567-320x213.jpg https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/?p=3890 Teremos eleições importantes na região no que falta do ano. No Chile, a corrida pela Presidência, com uma nova geração de políticos como principais candidatos. Na Venezuela, a escolha de governadores e prefeitos no primeiro pleito em que a oposição participará desde 2017. Na Argentina, o peronista Alberto Fernández terá sua gestão julgada pelos eleitores que escolherão a nova formação do Congresso. Na Nicarágua, Daniel Ortega consolidará sua ditadura. E no Haiti… infelizmente não se sabe o que pode ocorrer.

Mais distante do Brasil, mas não menos importante para a região, será a eleição em Honduras. A razão principal é uma: o país é estratégico para o sucesso ou não das políticas de imigração do governo Joe Biden. Muitos analistas concordam que o tema da fronteira ao sul, com a imigração de centro-americanos, é o assunto latino-americano que mais preocupa os EUA. Ao mesmo tempo em que busca diferenciar-se de Donald Trump e sua visão draconiana de que a fronteira deveria estar tapada com um muro, Biden não pode escancarar as portas do país a imigrantes, algo que teria um custo político alto.

Do ponto de vista local, há várias outras questões que preocupam os hondurenhos. O país enfrenta uma grave crise econômica, o aumento dos índices de violência, tensão social por conta de manifestações anti-corrupção e a lembrança ainda marcada do golpe de 2009, que derrubou o então presidente Manuel Zelaya e desestabilizou as instituições.

A atual gestão, do polêmico direitista Juan Orlando Hernández, assim como a hegemonia do corrupto partido Nacional, são fruto desse trauma histórico, que trouxe mais instabilidade para a América Central. JOH (Como é conhecido o mandatário, participou da polêmica retirada de Zelaya do poder.

O pleito, marcado para 28 de novembro, marcará o fim dos oito anos de gestão do presidente de direita, que é investigado por tráfico de drogas nos EUA. No final de seu segundo mandato, está impedido pela Constituição de concorrer por um terceiro. Na verdade, porém, ele já estava proibido de concorrer à primeira reeleição, mas convenceu juízes eleitorais comprometidos com o Executivo de que sua candidatura era legítima.

Desta vez, JOH não disputará, e sua vida está bastante complicada. Uma vez fora do cargo, terá de responder nos EUA ao processo por narcotráfico que envolve a ele e a seu irmão, Tony Hernández –este último já condenado a prisão perpétua em março.

Se a saída do atual presidente parece ser um alívio ou o fim de uma era, as perspectivas eleitorais do país não são as melhores. Não há candidatos fortes que se mostrem, neste início de campanha, com poder de conquistar a simpatia do eleitorado e muito menos de fazer propostas que possam tirar o país da atual crise.

O melhor colocado é Nasry Asfura, prefeito de Tegucigalpa, que é do partido de JOH e promete continuidade. Responde a um processo, acusado de ter desviado US$ 78 mil dólares do caixa da prefeitura para enviar a suas filhas nos EUA.

Também metidos com problemas com a Justiça estão os demais candidatos, como Xiomara Castro, mulher de Zelaya, que já foi próxima ao chavismo, mas que tem se posicionado mais ao centro. Ela é acusada de receber suborno de traficantes. No terceiro posto na disputa, está o empresário Yani Rosenthal, que acaba de sair da cadeia, onde cumpriu pena de três anos por lavagem de dinheiro para o narcotráfico.

Como não há segundo turno, mesmo com uma votação de menos de 50%, qualquer um deles pode vencer. Não é à toa que, diante desse quadro, a quantidade de eleitores indecisos seja de mais de 50%.

Trata-se de um cenário nada animador para um país que vinha crescendo rápido –na região, só perdia para o Panamá. O aumento do PIB na última década, porém, não impediu que um terço dos hondurenhos estivesse em situação de vulnerabilidade alimentar, segundo as Nações Unidas. E que mais de 50% da população viva com menos de US$ 5 por dia.

Furacões recentes, como o Eta e Iota, causaram perdas de US$ 1,88 bilhões em infraestrutura, comércio e indústria, impactando no desemprego tanto quanto a pandemia do coronavírus.

Como se isso não bastasse, existe a violência. A taxa de homicídios de Honduras é a maior das Américas, com uma média de 10,24 assassinatos por dia. Com uma política partidária tão vinculada ao narcotráfico, é difícil imaginar que esse assunto seja tratado com seriedade pelo próximo governante. Assim como no México, cartéis financiam campanhas em todo o país, aumentando o comprometimento das autoridades com o lucrativo negócio ilegal.

É dessa economia e dessa violência que fogem os hondurenhos. Em relação à população, trata-se do país que mais migra na região. Mais de 10% da população de Honduras saiu nos últimos anos, sendo que, destes, mais de 80% foram aos EUA.

Se não querem pagar o custo de receber esses imigrantes, os EUA deveriam ajudar esses países a prosperar, e assim, evitar essa longa e terrível viagem em que muitos deixam o seu país de origem, e outros tantos morrem na tentativa.

 

 

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René Favaloro, vítima da corrupção argentina https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/12/rene-favaloro-vitima-da-corrupcao-argentina/ https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2019/07/12/rene-favaloro-vitima-da-corrupcao-argentina/#respond Sat, 13 Jul 2019 00:42:40 +0000 https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/files/2019/07/wp-image448505293.-320x213.jpg https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/?p=3369
Homenagem do Google ao médico argentino, que completaria 96 anos hoje (Foto Reprodução)

De todas as consequências, diretas ou indiretas, da corrupção na Argentina, o triste fim do dr. René Favaloro (1923-2000) talvez seja uma das mais lamentáveis. No dia de hoje, em que o médico, cirurgião e pesquisador científico completaria 96 anos, seu nome foi lembrado em várias homenagens aqui na Argentina e no mundo, pela comunidade científica e até mesmo pelo buscador do Google (acima).

Favaloro tinha uma origem humilde. Nasceu em La Plata e cresceu numa pequena cidade da Província de Buenos Aires. Seu pai era carpinteiro e sua mãe, costureira. Estudou medicina e logo passou a se dedicar à prática da mesma com fins de caridade. Costumava dizer que “sem compromisso social, é melhor não viver”. Assim, atuou como médico rural em uma pequena cidade, Jacinto Araúz, em La Pampa. Ali, fez um pouco de tudo, e, sempre pedindo ajuda a governos e instituições locais, conseguiu equipar o centro de saúde da cidade com uma sala de cirurgia, um aparelho de raio-x, um laboratório e uma pequena escola de formação de técnicos. Em pouco tempo, conseguiu reduzir os níveis de desnutrição, de infecções pós-parto e da mortalidade infantil da região.

Chegou um momento, porém, que ele sentiu necessidade de aprender mais. Viajou a Cleveland, onde se especializou em doenças e cirurgias do coração. Foi o primeiro cirurgião a fazer uma operação de ponte de safena no mundo, em 1967. Uma técnica que ele criou e aprimorou e que logo virou um procedimento usado em larga escala, salvando milhares de vidas até hoje.

Em 1971, tomou a decisão de voltar à Argentina, embora seus colegas nos EUA insistissem para que continuasse lá. Ele dizia que queria se dedicar a desenvolver a medicina para melhorar a saúde dos argentinos. Em 1975, criou a Fundação Favaloro e, nos anos 1990, o Instituto de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular, assim como a Universidade Favaloro. O sonho parecia ter se tornado realidade. Favaloro era reconhecido na Argentina e fora dela, além de adorado por seus pacientes, pois não fazia discriminação ao atender pobres e ricos. 

Passou, então, a cobrar que tanto o Estado como as empresas colaborassem mais com a saúde pública. Pedia que o governo instalasse um sistema em que investimentos e doações para a formação de médicos e para pesquisas fossem descontados dos impostos pagos pela iniciativa privada. Denunciou os preços aberrantes dos planos de saúde, assim como as dívidas que o sistema público de saúde mantinha, e que seguia crescendo, com seu Instituto.

Favaloro começou a fazer denúncias em alto tom sobre o modo como verbas que deveriam ir para a saúde eram desviadas. “A corrupção não é apenas o suborno, os funcionários ladrões, o narcotráfico ou a lavagem de dinheiro. A corrupção é também deixar que as universidades se mantenham em um estado calamitoso”, escreveu.

A situação foi ficando mais difícil no fim dos anos 1990, quando a Argentina passou a viver uma grave crise econômica. A Fundação passou a endividar-se, uma vez que Favaloro não negava assistência a nenhum paciente. Os planos de saúde e o sistema público não lhe pagavam o que lhes correspondia, e as dívidas foram se acumulando, ultrapassando os US$ 70 milhões.

Desesperado, o médico começou a pedir dinheiro a instituições, empresas, governo. Ao diretor do jornal “La Nación” escreveu uma carta dizendo que tinha se transformado num mendigo. Ao então presidente da República, Fernando de la Rúa, morto nesta semana, escreveu outra, que este não chegou a ler a tempo.

Finalmente, no dia 29 de julho de 2000, no meio da tarde, Favaloro, aos 77 anos, se matou com um tiro no peito. Justamente no coração, e morreu na hora. Deixou várias cartas, para familiares, alunos, a namorada e uma geral, explicando que não podia viver e manter seus valores numa sociedade que não cumpria com seu dever com os cidadãos. Uma delas dizia: “Neste momento e nesta idade, esquecer os princípios éticos que recebi de meus pais e professores é extremamente difícil. Não posso mudar, prefiro desaparecer. Fui derrotado por essa sociedade corrupta que controla tudo.”

Os argentinos lembram de Favaloro com um mistura de orgulho nacional e de vergonha, pois quando ele pediu ajuda, ninguém ouviu. E não se tratava de qualquer cientista. Era um dos mais importantes do mundo em sua área naquela época, e além disso, uma pessoa caridosa que jamais admitiu entrar no jogo da política, dos bastidores corruptos do sistema de saúde, e lutou até onde pôde pelo que acreditava. A única notícia boa de tudo isso é que Favaloro deixou várias sementes, ao formar mais de 1000 médicos pelo mundo, e pelo fato de que as instituições que fundou, aos poucos, terem superado as dificuldades econômicas, se transformando em referência na área.

A dívida com Favaloro, porém, segue aberta. A Argentina com a qual ele sonhava ainda não é uma realidade.

 

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Peña Nieto, um melancólico adeus https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2018/12/03/pena-nieto-um-melancolico-adeus/ https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2018/12/03/pena-nieto-um-melancolico-adeus/#comments Mon, 03 Dec 2018 21:09:08 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/?p=3249
O ex-presidente mexicano Enrique Peña Nieto (El Universal)

Quando estreou como presidente do México, em 2012, Enrique Peña Nieto, 52, surfava numa onda de esperança. O país vivia um bom momento econômico, tinha previsão de crescimento de 4% a 6% do PIB e era chamado de “tigre asteca”. Sua aposta pelo pólo industrial de automóveis e outras fábricas no centro do país era vista como um “case” de sucesso. Também foram bem recebidas, principalmente no exterior, suas reformas energética, tributária e educacional. Um inédito acordo entre partidos, o Pacto por México, que reunia a esquerda, o centro e a direita, lhe davam respaldo para aprovar leis no Congresso.

Porém, logo os problemas começaram a se mostrar maiores do que sua capacidade de resolvê-los. Antes de mais nada, o da violência. Anunciando que trocaria a brutal “guerra ao narcotráfico” dos anos do PAN (Partido da Aliança Nacional) por um esquema mais focado em descabeçar os grandes cartéis, realizou prisões de líderes e anunciou acordos com as chamadas “autodefensas”, ou milícias cidadãs. Não deu certo, os cartéis, com sua enorme capacidade mutante, iam se deslocando, horizontalizando e fragmentando sua hierarquia, e se tornaram mais poderosos e mais difíceis de rastrear. Peña Nieto teve de voltar com a mão pesada, e o resultado foi um ano recorde em homicídios.

Nesta nova guerra, são mortas 85 pessoas por dia, colocando o país como um dos que têm uma das taxas mais altas da América Latina (25 assassinatos por cada 100 mil habitantes)

Em 2018, foram mais de 22 mil assassinatos. Inclui-se nesse capítulo a desaparição, ainda não explicada, dos 43 estudantes da escola rural de Ayotzinapa, cujo esclarecimento ainda não foi feito de todo, mas aponta para uma “solução” encontrada por autoridades locais em conluio com um cartel e talvez também com o Exército para matar os garotos. Não apenas o fato é uma tragédia, como o governo lidou muito mal com isso, apresentando uma versão que depois foi desautorizada por organismos estrangeiros que foram investigar o caso.

Outro tema a ressaltar ainda no capítulo violência é a morte de jornalistas. Foram 44 no sexênio de Peña Nieto, a maioria morta ou por cartéis ou a mando de políticos locais que são financiados por cartéis. Com isso, o México se coloca como o lugar mais perigoso para um jornalista exercer sua profissão na América Latina. E o prejuízo vai além da tragédia da perda dessas vidas. A maioria dos mortos são jornalistas que cobrem o interior do país, e que muitas vezes são fontes valiosas para os jornais que existem nas grandes cidades. O desaparecimento deles faz com que grandes regiões sofram um verdadeiro apagão informativo.

Em suma, Peña Nieto, que havia prometido amenizar o efeito da “guerra ao narcotráfico” iniciada em 2006 por Felipe Calderón, deixou nada menos que um saldo de 19% mais mortos do que seu antecessor. 

Mas há outros flancos que foram desgastando o presidente.

Hoje, cerca de 8 de cada 10 mexicanos crê que EPN foi um mau mandatário e que deixou o país pior do que estava. Um desses temas é a corrupção. Diversos membros da cúpula do governo foram pegos cometendo delitos, tráfico de influência, desvios de verbas e ganhando com o superfaturamento de obras. Mas o caso mais emblemático acabou sendo protagonizado pela própria primeira-dama, a ex-atriz Angélica Rivera, que comprou por um preço ridículo, de um empresário beneficiado com a concessão de obras do Estado, uma mansão avaliada em US$ 7 milhões. O caso, conhecido como “o escândalo da Casa Branca” demoliu a popularidade do presidente.

 

 

 

 

 

Um terceiro aspecto negativo foi o modo como Peña Nieto lidou com as humilhações de que os mexicanos vêm sendo vítimas, desde 2016, quando Donald Trump estava em campanha. Desde os comentários racistas às afirmações dizendo que o país teria de pagar pelo “muro” na fronteira, causaram imensa bronca entre os mexicanos, que exigiram de Peña Nieto que protegesse o país. O então presidente, porém, não fez isso, ao contrário, recebeu Trump candidato numa ridícula visita, em que foi também humilhado pelo americano, e depois foi obrigado a aceitar o acordo que substituirá o Nafta, em que o México sairá perdendo. Em nada disso se mostrou abalado. A última peça que faltava ocorreu há alguns dias, aqui em Buenos Aires, quando Peña Nieto condecorou nada menos que Jared Kushner, durante o G20.

Por sorte o México tem essa cláusula pétrea na Constituição, herança da Revolução de 1910, que impede que um presidente se reeleja em qualquer circunstância. Peña Nieto também disse que se retira da vida pública. Não vai deixar saudades.

 

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A Guatemala arde, outra vez https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2017/09/23/a-guatemala-arde-outra-vez/ https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2017/09/23/a-guatemala-arde-outra-vez/#comments Sun, 24 Sep 2017 00:35:50 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/?p=2979
Guatemaltecos vão às ruas, novamente, pelo fim da corrupção (Foto Reuters)

“A Guatemala precisa de outra praça. Nesta já não cabe mais ninguém”, postou nas redes sociais o jornalista Carlos Dada, do site salvadorenho “El Faro”, enquanto acompanhava os protestos na capital do país centro-americano, na semana passada.

Na verdade, se um guatemalteco tivesse entrado em coma em 2015 e acordado por esses dias, pensaria não ter perdido nem um só dia da história de seu país. Agora, como há dois anos, há centenas de milhares de pessoas indo às ruas quase que diariamente e pelo mesmo motivo: protestar contra a corrupção.

Em 2015, surgiu uma denúncia da CICIG (Comissão Contra a Impunidade na Guatemala), um órgão composto por magistrados de vários países, mas comandado pelas Nações Unidas, contra o então presidente Otto Pérez Molina.

As evidências apontavam para um esquema armado pelo ex-militar eleito presidente, conhecido como La Línea, que desviava fundos aduaneiros. Para investiga-lo, porém, era necessário que o Congresso retirasse seu foro privilegiado. A pressão das ruas começou discreta, mas os atos começaram a aumentar. Logo, chegaram às centenas de milhares, que passaram a exercer tal pressão contra os parlamentares, que estes acabaram retirando a imunidade do mandatário. No dia 2 de setembro daquele ano, temendo um “impeachment”, Pérez Molina renunciou. No dia seguinte, foi preso.

Faltava pouco para a eleição, e como não é incomum nesses casos em que há descontentamento com a chamada “política tradicional”, a maioria dos guatemaltecos elegeu um “outsider”. O aventureiro vencedor, com 67% dos votos, foi Jimmy Morales, um ex-comediante televisivo, que se lançou na política com um novo partido, porém composto por figuras conhecidas _ex-militares que haviam combatido na sangrenta guerra civil (1960-1996) e que, até hoje, têm contas à prestar com a Justiça por crimes contra a humanidade.

Eleito Morales, parecia que a normalidade havia se instalado. A Guatemala, em meio a uma região em guerra civil, mostra uma economia vigorosa, que vem crescendo a 3% ao ano. Mais que isso, o país de 16 mihões de habitantes dava um exemplo ao resto da região, mostrando que a força das ruas pode ajudar a mover as máquinas da Justiça e da política.

A decepção, porém, não tardou em chegar. A mesma CICIG, que ampliou suas investigações desde então, finalmente topou com supostos delitos de Morales. Ele teria recebido financiamento ilícito para sua campanha, além de ter vários membros de seu partido envolvidos em acusações de corrupção. Também estaria participando de um escândalo de lavagem de dinheiro. Em vez de oferecer explicações, Morales declarou o representante do órgão, o colombiano Iván Velázquez, “persona non grata” na Guatemala.

A Procuradoria local, porém, acolheu a denúncia e pediu ao Congresso que retirasse a imunidade de Morales para que se possa investiga-lo. Houve uma primeira sessão, em que os parlamentares se negarem a abrir o caminho para as investigações contra o presidente. As praças e ruas voltaram a encher-se de gente.

Na última quinta-feira, uma nova sessão para tratar do mesmo tema foi marcada. O Congresso foi cercado pelos manifestantes. Ainda assim, os parlamentares decidiram que Morales não perderia o foro privilegiado. Talvez isso esteja relacionado com o fato de que um quinto deles também esteja no foco da Justiça. Talvez.

Esse dia e essa noite foram largas. As pessoas não deixaram a praça e impediram a saída dos 130 congressistas. Alta madrugada, a polícia chegou e dispersou o protesto, dando espaço para que os assustados e cansados políticos voltassem às suas casas.

Nada, porém, está terminado. Ao contrário. A novela recém recomeça. Agora melhor organizada, a sociedade se mobiliza para seguir protestando. A tendência, por ora, é que as manifestações continuem. Até quando Morales seguirá tendo o Congresso a seu lado, dependerá de como armará seu xadrez político, ao que parece movido pela corrupção tanto quanto o de seu antecessor. Mas o fato é que, ainda que consiga segurar-se na cadeira, a credibilidade do presidente está em queda livre. Como demonstram os cartazes dos manifestantes, que voltam a evocar a sua ocupação anterior, a de palhaço num programa de TV.

Além da imagem de Morales com o nariz vermelho típico dos “clowns”, multiplicam-se os dizeres: “elegemos um palhaço e isso virou um circo”.

É preciso esperar que essa novela termine para tirar dela conclusões definitivas. Mas uma parece clara: a pressão das ruas, nos dias de hoje, é um fator importante e pode determinar a continuidade de um governo desacreditado.

Outra, talvez, seja a de que eleger um chamado “aventureiro”, um não-político, pode não ser a melhor opção caso não se repense também a velha maquinária de financiamentos de campanha. No caso da Guatemala, o caso ainda expõe a necessidade urgente de elucidar os crimes de direitos humanos cometidos pelos ex-militares durante a guerra civil guatemalteca, isso porque os que a levaram à cabo movem a estrutura de vários partidos. Se ficaram impunes por delitos contra a humanidade, porque sentirão que devem prestar contas à sociedade por atos de corrupção?

A história dirá. A boa notícia é que, no caso da Guatemala, a sociedade não parece se contentar mais com a falta de transparência.

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Triste fim da trajetória política do homem que derrotou Fujimori https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2017/02/27/triste-fim-da-trajetoria-politica-do-homem-que-derrotou-fujimori/ https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2017/02/27/triste-fim-da-trajetoria-politica-do-homem-que-derrotou-fujimori/#comments Mon, 27 Feb 2017 18:34:01 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/?p=2746 O ex-presidente peruano Alejandro Toledo (Foto El Comercio)
O ex-presidente peruano Alejandro Toledo (Foto El Comercio)

Aos 70, abandonado por seus antigos aliados políticos _entre eles o atual presidente, Pedro Pablo Kuczynski_, atacado pela imprensa e único dos três ex-presidentes peruanos suspeitos de terem recebido propinas da Odebrecht a de fato ter um mandato de prisão emitido contra si, Alejandro Toledo chega ao fim de sua trajetória política de uma forma no mínimo embaraçosa. Nos EUA, agarrado a seu posto de acadêmico e professor de Stanford, não dá mostras, por ora, de querer entregar-se.

O que vemos, porém, é o ocaso de um personagem político cujo surgimento movimentou tamanhas esperanças e ilusões no Peru que, ao menos por coerência histórica, não deveria aposentar-se abraçado a um crime de forma tão vexaminosa.

Assim vêm lamentando, também, alguns de seu célebres apoiadores, como o jornalista Gustavo Gorriti e o escritor Mario Vargas Llosa, que estiveram ao lado de Toledo quando este se transformou na força política capaz de agregar votos e apoio para vencer a autocracia de Alberto Fujimori, nos anos 1990.

A arrancada política de Toledo se deu em 1995, quando este homem de origem humilde (o oitavo de dezesseis filhos de um casal de Áncash, dos quais apenas nove sobreviveram pelas condições precárias da família), que na infância tinha lustrado sapatos e sido vendedor ambulante até ganhar uma bolsa para estudar economia nos EUA, lançou o partido Perú Posible, e participou das eleições de 1995. Perdeu para Fujimori, mas se reapresentou novamente em 2000, indo com o presidente para o segundo turno. Desistiu, porém, de competir no “ballotage” porque suas denúncias de fraude no primeiro turno não foram ouvidas nem investigadas pela Justiça. Resultado, Fujimori ganhou outra vez.

Toledo propôs, então, uma resistência pacífica, e organizou protestos contra aquela autocracia que aglutinaram multidões, liderou marchas históricas como a dos “Cuatro Suyos”, em referência às quatro regiões em que estava dividido o Império Inca nos tempos pré-colombianos. Tentou alcançar os eleitores de Fujimori no interior, evocou seu passado mestiço, passou uma mensagem de conciliação que uniria a costa moderna do país aos ancenstrais confins dos Andes.

Enquanto isso, o fujimorismo se enroscava em si mesmo, devido à divulgação dos chamados “vladivídeos” e as denúncias de corrupção. Nessas gravações, o homem forte de Fujimori, Vladimiro Montesinos, chefe do Serviço Nacional de Inteligência, aparecia comprando apoio de congressistas da oposição.

Fujimori foi destituído e deixou o país ante o início de um processo de “impeachment”. Novas eleições foram chamadas em 2001, e Toledo foi ao segundo turno, desta vez vencendo Alan García com a expressiva marca de 53,08% dos votos.

Um balanço justo de seu governo veria entre os aspectos positivos o início da arrancada do crescimento do PIB, uma onda de investimento estrangeiro que começou então e se estendeu na década seguinte, a abertura do país para tratados de livre-comércio. O gosto amargo ficou por conta de uma crise de governabilidade criada por desentendimentos no Congresso, enfrentamentos com grupos indígenas que não aceitaram sua migração para o centro e o abandono da ideia de um governo popular, e o conflito com extremistas nacionalistas do interior que resultaram numa queda pronunciada de sua popularidade, que chegou a 8% _depois recuperou-se, encerrando o mandato com por volta de 35%.

Toledo durante a Marcha dos Cuatro Suyos, nos anos 1990 (Foto Arquivo)

Toledo foi uma promessa cumprida pela metade. Porém, pelo que simbolizou naquele momento de entusiasmo pela perspectiva de encerrar o período autoritário do fujimorismo, de devolver aos setores populares certo protagonismo, de redemocratizar o país, deveria bastar para assegurar ao ex-presidente um lugar nobre na história do Peru neste século.

Infelizmente, não vem sendo assim, ao que parece por sua própria culpa, caso se confirmem as acusações contra ele, de ter recebido US$ 20 milhões de dólares de suborno da Odebrecht. Mais, ao se negar a voltar para o Peru _Toledo há anos mantém uma atividade acadêmica nos EUA_ e enfrentar a Justiça, o ex-presidente mancha ainda mais seu legado, transformando-se num foragido da Justiça peruana e motivo de ataques à sua reputação, imagem e herança política.

É triste comparar esse quadro com o de grande esperança que ele representou, ao construir nos anos 90 a única alternativa política capaz de derrotar Fujimori.

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O governador fujão https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/25/o-governador-fujao/ https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2016/10/25/o-governador-fujao/#respond Tue, 25 Oct 2016 23:56:15 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/?p=2588 Cartazes que começaram a surgir em Veracruz, sobre a fuga do governador Duarte (Foto Reprodução)
Cartazes que começaram a surgir em Veracruz, sobre a fuga do governador Duarte (Foto Reprodução)

O que vem acontecendo no Estado de Veracruz, no México, seria até algo cômico, se não fosse trágico. Basicamente, a notícia é essa: o governador, ainda dentro do período de seu mandato, simplesmente desapareceu e é hoje considerado pela polícia um foragido. Impacientes com a falta de resultado das buscas por parte da força pública, a população começou a se mobilizar e a espalhar pelas cidades lambe-lambes como este acima, que diz “Duarte: Se Busca, Vivo ou Morto”, bem ao estilo do Velho Oeste.

Ao longo de seu mandato de seis anos, não foram poucas as vezes que o nome de Javier Duarte, 43, apareceu nos jornais mexicanos e estrangeiros como um dos líderes regionais do país que mais abusavam de sua posição. As notícias de corrupção surgiam aos borbotões, desde denúncias de uso de dinheiro ilegal na campanha eleitoral, a desvios de recursos federais para obras públicas, criação de empresas fantasmas, desvio de US$ 2 bilhões de gastos com planos sociais e aposentadorias _houve até marchas de protesto de idosos, que deixaram de receber suas aposentadorias.

As notícias eram muitas, e o governador Duarte respondeu a elas da forma mais brutal possível: perseguindo os jornalistas. País da América Latina em que mais repórteres são assassinados no exercício de sua função, o México tem em Veracruz a capital desse crime brutal. Segundo a ONG Artículo 19, dezessete jornalistas foram mortos no Estado desde então. Em muitos desses casos, há evidências de participação da polícia local, o que sugere que Duarte poderia estar por trás dessas mortes. Porém, nenhuma delas foi até agora investigada. Duarte também abriu processos contra veículos locais e contra o jornal “Reforma”, de circulação nacional.

Em geral, o público comum pensa que as mortes de jornalistas no México estão relacionadas de modo direto ao narco. Que se tratam de profissionais que estavam numa linha de frente de investigação da operação dos cartéis.

Porém, quando se lê a lista das matérias em que esses profissionais estavam trabalhando quando morreram, encontramos outro padrão nacional, a maioria estava investigando a ligação de governos regionais com o crime organizado ou simplesmente destrinchando casos de corrupção em órgãos estatais. De certo modo, isso acontece na maioria dos Estados, mas Veracruz, pelos números oficiais, é o campeão deste sangrento ranking.

Depois que o Partido Revolucionário Institucional (PRI) sofreu um enxugamento nas últimas eleições regionais, devido, entre outras coisas, ao desgaste do presidente Enrique Peña Nieto depois que foram descobertas propriedades em nome de sua esposa e de altos funcionários vendidas a preço de banana por um empresário que ganhou várias licitações de obras estatais, EPN se viu pressionado a fazer algo contra a corrupção, que se impôs na agenda de protestos dos mexicanos.

Não que mostrasse muito entusiasmo com a ideia. Quando ainda tentava defender-se pelos casos que atingiam membros da sua cúpula, há alguns meses, declarou: “Ninguém pode atirar a primeira pedra. Todos são parte desse modelo que queremos mudar”. Nas redes sociais, seus opositores o acusam de estar encobrindo a desaparição de Duarte.

Parece que a saída às ruas da população para protestar, algo que se tornou comum desde 2014, com o desaparecimento dos 43 estudantes em Ayotzinapa _outro caso que revelou a íntima relação entre o poder e o cartel local_ vem tendo seu efeito. Os protestos mais recentes apontam para a figura de Peña Nieto, e incluem desde o fato de ter convidado Donald Trump a visitar o país até os casos não investigados de corrupção que atingem autoridades regionais e o próprio governo nacional.

Mas parece que, se EPN só faz prometer a criação de agências de auditorias e um escritório anti-corrupção, que ainda não começou a operar, a Justiça finalmente vem acordando.

E é por conta disso que o governador Duarte sumiu. Do mesmo partido do presidente, o governador acreditava que estaria imune mesmo depois do fim do seu mandato, afinal, esperava-se que seu sucessor também fosse do PRI, e que este então encobriria seus delitos. Mas não foi o que aconteceu, venceu justamente o partido rival, o conservador PAN, com Miguel Ángel Yunes, que assume no dia 1 de dezembro.

Pouco depois da eleição, um juiz federal lançou um pedido de prisão a Duarte, para investiga-lo sobre uma denúncia de lavagem de dinheiro.

Duarte, então, apresentou sua renúncia oficialmente, e simplesmente desapareceu, a 48 dias da data em que de fato deveria entregar o cargo a seu sucessor. Yunes afirma que Duarte já saiu de Veracruz, de helicóptero, e que a essas horas estaria no Canadá, mas ainda não surgiram evidências que corroborem essa tese.

Questionados sobre onde está o governador desaparecido, nem mesmo o Secretário de Segurança, Miguel Osorio Chong, sabe dizer qual é seu paradeiro.

O caso é tão vergonhoso para a gestão Peña Nieto que tende a desgastar ainda mais sua imagem, cujos números de aprovação vêm em queda livre.

Peña Nieto, que quis tanto passar a imagem de perseguidor implacável de barões da droga, e que, apesar das fugas do “Chapo”, ao fim conseguiu recupera-lo, agora lida com uma situação ainda mais embaraçosa e inusitada. Precisa colocar a força pública e os órgãos de inteligência nacionais na caça de um governador de seu próprio partido.

Se não o fizer, estará dando mais motivos para que as pessoas saiam às ruas em protestos, nesses difíceis dois anos que terá pela frente até finalizar seu mandato.

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Os tropeços do casal presidencial do México https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2016/08/28/os-tropecos-do-casal-presidencial-do-mexico/ https://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/2016/08/28/os-tropecos-do-casal-presidencial-do-mexico/#comments Sun, 28 Aug 2016 23:19:54 +0000 //f.i.uol.com.br/hunting/folha/1/common/logo-folha-facebook-share.jpg http://sylviacolombo.blogfolha.uol.com.br/?p=2492 Enrique Peña Nieto e a mulher, Angélica Rivera (Foto AP)
Enrique Peña Nieto e a mulher, Angélica Rivera (Foto AP)

No espaço de poucas semanas, dois novos tropeços do casal presidencial mexicano deram à população ainda mais certeza da distância que ambos mantêm do México real _tanto de seus sucessos como de seus graves problemas.

Primeiro, foi a vez dela. Reportagem do diário britânico “The Guardian” do começo de agosto mostrou que a primeira-dama Angélica Rivera, que viaja com frequência aos EUA para fazer compras, tinha se hospedado numa dessas ocasiões num luxuoso apartamento de Miami que pertence a um grupo empresarial que costuma vencer licitações do governo. Parecia repeteco de escândalos anteriores, como o da Casa Branca, quando se soube que Rivera tinha comprado uma casa caríssima por um valor muito mais baixo, de outro megaempresário mexicano, não por acaso vencedor de vários concursos para obras do governo. Na época, Rivera gravou um vídeo explicando que tinha recursos para comprar tal imóvel e gastar a fortuna que custou a reforma, devido à sua “exitosa carreira como atriz”. A imprensa fez as contas, e nem em sonho o que Rivera ganhava como atriz de telenovelas de segunda linha alcançava para os gastos.

Depois, veio a vez dele. A jornalista Carmen Aristégui, uma das mais importantes do México e que tem um programa na CNN, além de atuar na rádio e TV locais, revelou na semana passada que o presidente Enrique Peña Nieto tinha plagiado pelo menos um terço de sua tese de mestrado em administração de empresas. A resposta veio por meio de seu porta-voz, e dizia que a tese, de fato, continha “citações sem usar aspas” e “falta de referência a autores”, mas que ambas as “falhas” eram “erros de estilo”.

 

Ficou chato, porque a ideia de que o presidente mente não se atém a fatos de seu passado pessoal, como esse. Esteve exposta recentemente, por exemplo, quando o grupo de peritos internacionais chamados para investigar o que houve com os 43 estudantes desaparecidos em Ayotzinapa simplesmente desconstruiu completamente a versão oficial que o governo tinha oferecido sobre os fatos.

O México vem bem economicamente no cenário da América Latina. Está entre os poucos países com crescimento sustentado do PIB durante os últimos cinco anos e tendo construído polos industriais de ponta, trazido investimentos de empresas estrangeiras e atraído gigantes do mundo automotriz para fabricarem seus carros no país.

A questão é que isso convence pouco a população, pois as políticas de distribuição de renda não passam essa sensação de sucesso à população. Hoje, mais de 55 milhões de mexicanos vivem em situação de pobreza e a violência relacionada ao narcotráfico, que tinha caído no começo de sua gestão, voltou a subir. Do ano passado para cá, o nível de homicídios cresceu 16% e, segundo relatórios de ONGs que trabalham com o tema da violência, hoje se mata mais em Estados como Guerrero e Michoacán do que em países que estão de fato em guerra, como o Iraque.

Também do ano passado para cá, vêm surgindo insatisfações setoriais, como a dos professores, que reclamam de uma reforma educativa desenhada pelo governo. Em si, a ideia não é má, pois prevê avaliar os professores por um método nacional. Os professores não gostaram, por não terem sido consultados e por haver muita discrepância entre os departamentos. Nada que não pudesse ser resolvido com um diálogo político. O problema é que o governo respondeu de modo violento os primeiros protestos realizados pela categoria. E, depois dos 9 mortos em um confronto em Oaxaca, por melhor que possa ser a reforma, já conta com a antipatia de todos.

A dois anos da próxima eleição, Peña Nieto conta com 25% de popularidade, quando no ano passado tinha 42%. A degradação de sua imagem ocorre demasiado rápido, e o PRI busca estancar o problema enquanto inventa um sucessor popular que possa tomar o bastão em 2018 (no México, não há reeleição). Enquanto isso, o conservador PAN já se arma para próxima disputa, e a esquerda, por ora, vem dividida entre o que restou do PRD e a ainda grande popularidade de AMLO, Antonio Manuel Lopez Obrador, que agora tem seu próprio partido.

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