Para marcar a retomada das manifestações no Chile, que andaram algo adormecidas na virada do ano, a cantora Mon Laferte, 36, uma das artistas latino-americanas de maior projeção internacional atualmente, subiu ao palco sem medir suas críticas aos Carabineros e ao presidente Sebastián Piñera. A apresentação, nesta segunda-feira (24), ocorreu no festival de Viña del Mar, o mais importante evento musical chileno, e que ocorre na época do Carnaval.

Já na entrada, houve enfrentamentos entre fãs da cantora e ativistas de direita, que tentaram fazer com que os primeiros não entrassem. Vinte e nove pessoas foram detidas. Uma vez dentro, os fãs levantaram seus cartazes dizendo: “fora Piñera”, “fora Carabineros”, “Constituição já” e alusões contra a repressão a manifestantes nestes quatro meses de tensão social.

A cantora não fez menção direta ao nome do presidente, mas pediu ao público que voltasse a “resistir nas ruas”, e mais uma vez fez alusão ao que considera um absurdo, o de ter sido intimada a comparecer ante a Justiça por ter dito que parte dos incêndios no metrô de Santiago tinha sido iniciada pela própria polícia, com a culpa sendo desviada aos estudantes.

Outra de suas frases polêmicas foi proferida em uma entrevista à CNN, em que disse que: “se tenho que ir queimar um supermercado que me roubou durante toda a minha vida, eu vou fazê-lo”.

Além disso, Mon Laferte também havia enfrentado o governo e as forças de segurança em outras ocasiões, como na entrega dos prêmios Grammy Latino, em novembro último, quando apareceu com os peitos nus e a inscrição: “No Chile, torturam, estupram e matam”. Ao redor do pescoço, levava o lenço verde que simboliza a luta das latino-americanas pela lei do aborto.

Mas ser uma das vozes mais críticas do governo no mundo das artes não é tudo na vida de Laferte. Sua música tem ganhado projeção internacional pela mistura criativa de pop e rock com estilos tradicionais latinos como o bolero e a cumbia. Com um look e um estilo em que evoca de Violeta Parra a Amy Winehouse, Laferte tem em suas letras mensagens em defesa da comunidade LGBT, do ambiente e dos direitos dos animais.