Documentário sobre indocumentados aponta para Trump
Oito histórias de imigrantes sem documentos nos EUA, que estão à beira da deportação ou de terem sua vida colocada num limbo eterno. Este é “Living Undocumented”, série em seis capítulos da Netflix que tenta humanizar a questão da imigração ilegal e fazer uma crítica aberta ao modo como a administração de Donald Trump trata do assunto, ainda que sobrem também ataques a seus antecessores democratas, como Barack Obama e Bill Clinton.
Há casos de imigrantes de diversos países, como Israel, Laos e Mauritania. Porém, são os indocumentados da América Latina os que têm as histórias mais dramáticas.
Uma delas é Alejandra Juarez, que chegou aos EUA do México em 1998 e se casou com um ex-marine. O casal, com duas filhas, jamais imaginaria que Alejandra pudesse ser deportada, porque era mulher de um veterano de guerra e tinha duas filhas. Sua estada nos EUA não havia sido colocada em risco antes. Mas, após a posse de Trump, em quem o ex-militar havia votado, ela passou a ser buscada pelo departamento de imigração. Apesar de várias petições e de recursos, teve de voltar ao México, onde já não tinha mais família, apenas com a filha mais nova, deixando a mais velha junto com o pai.
Outra história dilacerante é a do hondurenho Luis Diaz, cuja mulher grávida e o filho adotivo são deportados. Ao ir despedir-se dela, Luis é preso e sua advogada, norte-americana, é jogada ao chão com violência pelos agentes de imigração. A mulher insiste, porque em Honduras corre real risco de vida, e volta a atravessar a fronteira, mesmo com uma gravidez avançada, à bordo da Besta, um trem que cruza o México e no qual os imigrantes viajam sobre o teto e entre as ferragens.
Há, ainda, a história da família colombiana que, em sua terra-natal, havia sido ameaçada pelo ELN (a guerrilha Exército de Libertação Nacional) e buscou refúgio nos EUA. Depois de anos vivendo em paz na Califórnia, eles têm os laços cortados, pois o apenas 0 pai é deportado, deixando mulher e filhos para trás.
A produtora-executiva da série é a cantora e atriz norte-americana Selena Gomez, filha de mexicanos. Ainda que trate de um assunto que está nos noticiários com frequência, se diferencia ao mostrar os detalhes e dramas do dia-a-dia dos indocumentados, mesclando algumas informações de fundo sobre os países de onde vêm e como a política imigratória dos EUA ficou mais severa nos últimos tempos. Às vésperas das eleições norte-americanas de 2020, trata-se de um documento importante, ainda que parcial, para entender como esse elemento vem sendo cada vez mais essencial nas escolhas políticas neste país.