Um prêmio merecido para a uruguaia Ida Vitale

Sylvia Colombo
A escritora uruguaia Ida Vitale, prêmio FIL deste ano (Foto Divulgação)

Aos 95 anos, a poeta e ensaísta Ida Vitale parece longe de cessar suas atividades. De volta a Montevidéu depois de quase 20 anos no exterior (México e EUA), ela retornou ao bairro de Malvín, onde sua filha manteve suas fotos, objetos e lembranças de toda uma vida, para concluir um livro sobre os anos de exílio e os que passou ao lado do também escritor Enrique Fierro (1941-2016). Nele, refletirá sobre os anos da ditadura no Uruguai (1973-1985) e como foi acompanhar de longe o que ocorria em seu país, ao mesmo tempo em que se conectava com a rede de amigos intelectuais refugiados no exterior.

Pois nesta segunda-feira (3), mais uma boa notícia veio animar a vida de Vitale, uma das sobreviventes da chamada geração de 1945, que incluía nomes como Emir Rodriguez Monegal (1921-1985) e Juan Carlos Onetti (1909-1984). Vitale foi informada de que receberá o prêmio FIL de literatura deste ano, um dos mais importantes da América Latina, entregue sempre a autores latino-americanos vivos.

Vitale começou a projetar-se no já distante ano de 1949, quando lançou “La Luz de Esta Memoria”, seu primeiro livro de poemas, depois, seguiu publicando, além de poesia, ensaios, crítica e colunas para jornais. Hoje em dia, não é fácil encontrar sua obra, mesmo em países como a Argentina e o Chile, além do Uruguai. O essencial está em seu “Poesia Reunida (1949-2015)”, editado pela Tusquets, apenas em espanhol.

Não que Vitale não esteja acostumada a prêmios, já ganhou o Alfonso Reyes, em 2014, o Octavio Paz, em 2009, o Reina Sofia, em 2016 entre muitos outros.

Filha de imigrantes italianos, começou apaixonando-se pela história, mas ao final preferiu dedicar-se à poesia, inspirada pela Nobel chilena Gabriela Mistral (1889-1957) e pelo espanhol Juan Ramón Jimenez (1881-1958). Foi casada com o crítico Angel Rama (1926-1983), um dos melhores pensadores da literatura latino-americana, e depois com o também escritor Fierro. Seus anos no México foram marcados por uma prolífica produção para as tantas publicações literárias dali, depois, vieram anos mais reflexivos, quando viveu em Austin.

O prêmio conferido agora pela FIL Guadalajara lembra que vale a pena homenagear os artistas quando ainda vivos, e faz com que esperemos que sua obra seja mais divulgada.