Campanha pelo aborto ganha força na Argentina

Sylvia Colombo
Mulheres em ato pró-aborto na Argentina (Foto AFP)

Enquanto o Congresso debate uma lei de aborto que permitiria o recurso às mulheres até a 14a semana de gestação, ativistas sociais, atores, intelectuais e distintos grupos da sociedade vêm se expressando a favor e contra a legislação. A discussão chegou ao parlamento a pedido do presidente de centro-direita Mauricio Macri, que apesar de se dizer “pró-vida”, considerou que era uma debate necessário neste momento. Analistas alegam que o gesto faz parte de uma estratégia política, uma vez que o mandatário argentino vêm com a popularidade em queda e este seria um gesto para atrair o setor mais progressista do eleitorado.

Macri, porém, prometeu que, se a lei do aborto chegar à sua mesa aprovada pela Câmara de Deputados e pelo Senado, ele não a vetará. Por ora, as sondagens mostram que os deputados devem posicionar-se a favor da medida, enquanto o Senado, de perfil mais conservador, talvez tente colocar obstáculos.

É por conta dessa situação ainda incerta e pela proximidade das votações, que as mulheres têm ido às ruas. Em manifestações próprias ou colando-se em outras, como ocorreu neste último Primeiro de Maio. As pró-aborto escolheram os lenços e as roupas verdes para defender a consigna.

Na última semana, foi a vez de atores e jornalistas se mobilizarem. Primeiro, foram os pró-aborto, Ricardo Darín, Diego Peretti, Pablo Echarri, Esteban Lamothe e outros, que soltaram este vídeo:

Houve também uma manifestação de mulheres famosas argentinas, como as atrizes Cecilia Roth e Dolores Fonzi e as escritoras Selva Almada e Claudia Piñeiro, que recolheram mais de 400 assinaturas em seu meio a favor do aborto.

Depois, outras personalidades do meio das comunicações, principalmente jornalistas, gravaram outro, em que se posicionam “a favor das duas vidas”, ou seja, contra o aborto, mas também por uma campanha de proteção à gravidez de risco.

Em termos de aprovação popular, a medida vem ganhando mais apoio, até cinco anos atrás, apenas 27% dos argentinos era a favor da liberalização do aborto, agora, são 40%. Na atual lei argentina, só é possível abortar em casos de estupro e de risco de vida da mãe.

A nova legislação seria parecida à do Uruguai, que libera sem restrições até a 12a semana de gestação.