Esses incríveis cineastas mexicanos

Sylvia Colombo
Emmanuel Lubezki, Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro e Alejandro González Iñárritu (Foto Associated Press)
Emmanuel Lubezki, Alfonso Cuarón, Guillermo del Toro e Alejandro González Iñárritu (Foto Associated Press)

Se sair vitorioso com seu filme “O Regresso”, indicado a 12 categorias, na premiação do Oscar, no próximo domingo (28), Alejandro González Iñárritu será responsável pela terceira estatueta consecutiva para um diretor mexicano na mais prestigiada festa do cinema mundial. Em 2014, foi a vez de Alfonso Cuarón, com “Gravidade”, e, em 2015, quem levou foi o próprio Iñárritu, com “Birdman”. Com ambos, foi premiado também Emmanuel Lubezki, responsável pela fotografia dos três filmes.

Mas a boa fase dos realizadores mexicanos não começou agora.

 

Nascidos nos anos 1960, os três, junto a Guillermo Del Toro, há muito estão em cena e já influenciam uma nova geração. Representam a saída da crise de uma cinematografia que já teve uma época de ouro, mas que, nos anos 80, com a crise do país, afundou-se em filmes comerciais ou sobre narcotraficantes de baixíssima qualidade. Diferentemente do que ocorre com outras escolas latino-americanas, como a brasileira, a argentina ou a colombiana, a mexicana se aproveita da proximidade do país com os EUA. Os quatro, premiadíssimos em seu país-natal nos anos 1990, seguiram na década seguinte para Hollywood, cada um trilhando um caminho, mas ajudando-se muito entre si. São descritos como inseparáveis quando o assunto é criação, opinam e ajudam a editar os filmes uns dos outros. Ainda que esteja fazendo uma ficção científica e o outro, um filme de horror com efeitos especiais.

O sucesso internacional do diretor de “O Regresso” começou no começo dos anos 2000, quando fez, com Guillermo Arriaga, “Amores Perros”, e depois, “Babel”. Já Del Toro brilhou em 2006, com “O Labirinto do Fauno”, sucesso em Cannes e vencedor de três estatuetas do Oscar em 2006. Cuarón projetou-se em 2001, com o “road movie” “Y Tu Mamá También”, e fez um dos filmes de Harry Potter, antes de sair vitorioso com “Gravidade”, que levou sete estatuetas.

Além de filmarem fora do país, os quatro também não se prendem a temas mexicanos e têm vocação mais internacional. Ainda assim, suas vitórias são comemoradas, no México, como conquistas da seleção nacional numa Copa do Mundo. Para um país que anda com a moral baixa, por conta de tanta repercussão sobre a violência interna provocada pelo narcotráfico, estar na linha de frente do cinema internacional não é pouca coisa. A expectativa da imprensa mexicana, nos últimos dias, está sendo com relação ao discurso de Iñárritu, caso saia vencedor. Ele que no ano passado dedicou sua vitória aos imigrantes mexicanos nos EUA e já referiu-se à xenofobia em outras ocasiões, poderia fazer alguma menção às ofensas que o pré-candidato republicano, Donald Trump, vêm fazendo contra o país? Independente disso, é interessante observar o fenômeno mexicano, um cinema que foge dos bairrismos, associa-se a outras escolas e se arrisca a temas e gêneros variados.