Más notícias para Donald Trump: imigração mexicana inverte o rumo

Sylvia Colombo
Donald Trump atacando mexicanos na TV (Foto Reprodução)
Donald Trump atacando mexicanos na TV (Foto Reprodução)

Já sabemos que os pesadelos com os quais Donald Trump vem assustando os norte-americanos não são necessariamente respaldados pela realidade. Prova disso é o que mostra um estudo do Pew Research Center, divulgado nas últimas semanas. Segundo o documento, os imigrantes mexicanos, os mesmos que Trump chama de “assassinos e estrupadores”, não vêm chegando cada vez em maior número aos EUA. Pelo contrário, o fluxo de imigração anda se invertendo, e de forma pronunciada. Pela primeira vez desde os anos 1940, há mais mexicanos voltando dos EUA para o México do que partindo para tentar a vida no país do norte.

De 2009 a 2015, mais de 1 milhão de mexicanos voltou por vontade própria a seu país. A pesquisa também afirma que o fluxo migratório mais intenso se deu em 2007, mas, desde então, o número só fez cair. Também a apreensão de imigrantes ilegais na fronteira atinge agora seu mais baixo nível desde o começo dos anos 1970, um outro momento de ápice nesse movimento.

O estudo afirma que o fenômeno vem se dando por conta da desaceleração da economia norte-americana e pela queda na demanda de mão-de-obra de baixo custo. Por outro lado, o atual governo mexicano, com grandes investimentos para a formação de um parque industrial gigantesco, principalmente para o setor de automóveis, vem atraindo os compatriotas que precisam de emprego para essa zona _região de Querétaro, Guanajuato e Aguas Calientes. Entre as razões levantadas entre os mexicanos que retornam ao país estão as da possibilidade de se reaproximar da família, empregando-se num desses complexos, mais próximos de suas casas.

Imigrantes ilegais mexicanos cruzando a fronteira (Foto Reuters)
Imigrantes ilegais mexicanos cruzando a fronteira (Foto Reuters)

A mudança de cenário começa a colocar um ponto final num movimento que começou nos anos 60 e levou mais de 16 milhões de mexicanos a fixar base nos EUA nos últimos 40 anos, fazendo com que se transformasse no maior grupo de estrangeiros na composição de hoje da população do país. O impacto dessa onda migratória ocorreu não apenas no mercado de trabalho, mas ajudando a construir culturalmente a sociedade norte-americana.

Se o estudo do Pew Research Center contém algo de boa notícia por um lado, não significa que a fronteira deixou de ser um território tenso e de violência, com a atuação dos “coiotes” e com o trânsito ainda intenso de imigrantes ilegais de vários países da América Central. Recentemente, o drama dos meninos e meninas migrantes desacompanhados vem chocando o mundo, sem um desenlace feliz por enquanto. Mas a tendência, segundo os estudos atuais, é que a imigração mexicana, legal e ilegal, se mantenha a partir de agora a níveis bem mais baixos.

Se o assunto vem se transformando num tema de intenso e apaixonado debate na corrida eleitoral norte-americana, esses números jogam luz a matizes importantes que não estão fazendo parte, ainda, da argumentação. Talvez uma análise mais realista de qual é o movimento nas fronteiras aéreas e terrestres dos EUA seja necessária.

Com números na mão, é possível que a ideia de levantar muros para isolar o país de seu vizinho ao sul soe ainda mais esdrúxula, além de desnecessária.