Más notícias para Donald Trump: imigração mexicana inverte o rumo
Já sabemos que os pesadelos com os quais Donald Trump vem assustando os norte-americanos não são necessariamente respaldados pela realidade. Prova disso é o que mostra um estudo do Pew Research Center, divulgado nas últimas semanas. Segundo o documento, os imigrantes mexicanos, os mesmos que Trump chama de “assassinos e estrupadores”, não vêm chegando cada vez em maior número aos EUA. Pelo contrário, o fluxo de imigração anda se invertendo, e de forma pronunciada. Pela primeira vez desde os anos 1940, há mais mexicanos voltando dos EUA para o México do que partindo para tentar a vida no país do norte.
De 2009 a 2015, mais de 1 milhão de mexicanos voltou por vontade própria a seu país. A pesquisa também afirma que o fluxo migratório mais intenso se deu em 2007, mas, desde então, o número só fez cair. Também a apreensão de imigrantes ilegais na fronteira atinge agora seu mais baixo nível desde o começo dos anos 1970, um outro momento de ápice nesse movimento.
O estudo afirma que o fenômeno vem se dando por conta da desaceleração da economia norte-americana e pela queda na demanda de mão-de-obra de baixo custo. Por outro lado, o atual governo mexicano, com grandes investimentos para a formação de um parque industrial gigantesco, principalmente para o setor de automóveis, vem atraindo os compatriotas que precisam de emprego para essa zona _região de Querétaro, Guanajuato e Aguas Calientes. Entre as razões levantadas entre os mexicanos que retornam ao país estão as da possibilidade de se reaproximar da família, empregando-se num desses complexos, mais próximos de suas casas.
A mudança de cenário começa a colocar um ponto final num movimento que começou nos anos 60 e levou mais de 16 milhões de mexicanos a fixar base nos EUA nos últimos 40 anos, fazendo com que se transformasse no maior grupo de estrangeiros na composição de hoje da população do país. O impacto dessa onda migratória ocorreu não apenas no mercado de trabalho, mas ajudando a construir culturalmente a sociedade norte-americana.
Se o estudo do Pew Research Center contém algo de boa notícia por um lado, não significa que a fronteira deixou de ser um território tenso e de violência, com a atuação dos “coiotes” e com o trânsito ainda intenso de imigrantes ilegais de vários países da América Central. Recentemente, o drama dos meninos e meninas migrantes desacompanhados vem chocando o mundo, sem um desenlace feliz por enquanto. Mas a tendência, segundo os estudos atuais, é que a imigração mexicana, legal e ilegal, se mantenha a partir de agora a níveis bem mais baixos.
Se o assunto vem se transformando num tema de intenso e apaixonado debate na corrida eleitoral norte-americana, esses números jogam luz a matizes importantes que não estão fazendo parte, ainda, da argumentação. Talvez uma análise mais realista de qual é o movimento nas fronteiras aéreas e terrestres dos EUA seja necessária.
Com números na mão, é possível que a ideia de levantar muros para isolar o país de seu vizinho ao sul soe ainda mais esdrúxula, além de desnecessária.