Cadê a ponta do Obelisco?

Sylvia Colombo
O Obelisco da avenida 9 de Julio, em Buenos Aires, sem a ponta (Foto Clarín)
O Obelisco da avenida 9 de Julio, em Buenos Aires, sem a ponta (Foto Clarín)

O principal cartão-postal da capital argentina amanheceu neste domingo (20) assim, “sem” a ponta. A intervenção artística surpreendeu turistas e transeuntes que passeavam desavisados pelo centro da cidade, nessa fria tarde de despedida do inverno. Horas depois, a ponta “reapareceria”, na escadaria do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires.

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Trata-se mais uma obra de ilusão de ótica do artista argentino Leandro Erlich, 42, chamada de “La Democracia del Símbolo”, e faz parte das comemorações dos 14 anos do Malba, museu com a mais importante coleção de obras de arte da América Latina.

Com ateliê em Villa Crespo e vivendo em Montevidéu, Erlich vem trabalhando há anos em obras que se relacionam à performance de hoje. É dele, entre outras coisas, o imenso painel que está na Usina del Arte, no bairro da Boca, e que mostra uma casa humilde com pessoas “penduradas” das janelas.

Reprodução de tela de noticiário do canal TN, esta manhã
Reprodução de tela de noticiário do canal TN, esta manhã

Erlich, que já expôs na Bienal de Veneza (uma piscina com pessoas presas dentro) e em várias mostras internacionais de relevo, prepara-se agora para instalar um “site specific” na Gare Du Nord, em Paris, relacionada à conferência mundial do clima, que ocorrerá em novembro na capital francesa. A obra, que será inaugurada na Nuit Blanche parisiense, será uma casa que se derrete, como efeito do aquecimento global.

Brincar com o Obelisco, porém, não é um privilégio do artista. Ao contrário, inscreve-se em uma espécie de gênero na Argentina. O fotógrafo Horacio Coppola (1906-2012) foi o primeiro a experimentar com efeitos óticos a imagem do monumento. Mas a ação mais famosa foi da artista Marta Minujín, em 1979, que expôs um Obelisco caído e um Obelisco feito de pão doce. O primeiro, o “Obelisco Acostado”, foi exibido na Bienal de São Paulo (abaixo).

O "Obelisco Acostado", exposto na Bienal de Artes de São Paulo
O “Obelisco Acostado”, exposto na Bienal de Artes de São Paulo