Cadê a ponta do Obelisco?
O principal cartão-postal da capital argentina amanheceu neste domingo (20) assim, “sem” a ponta. A intervenção artística surpreendeu turistas e transeuntes que passeavam desavisados pelo centro da cidade, nessa fria tarde de despedida do inverno. Horas depois, a ponta “reapareceria”, na escadaria do Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires.
Trata-se mais uma obra de ilusão de ótica do artista argentino Leandro Erlich, 42, chamada de “La Democracia del Símbolo”, e faz parte das comemorações dos 14 anos do Malba, museu com a mais importante coleção de obras de arte da América Latina.
Com ateliê em Villa Crespo e vivendo em Montevidéu, Erlich vem trabalhando há anos em obras que se relacionam à performance de hoje. É dele, entre outras coisas, o imenso painel que está na Usina del Arte, no bairro da Boca, e que mostra uma casa humilde com pessoas “penduradas” das janelas.
Erlich, que já expôs na Bienal de Veneza (uma piscina com pessoas presas dentro) e em várias mostras internacionais de relevo, prepara-se agora para instalar um “site specific” na Gare Du Nord, em Paris, relacionada à conferência mundial do clima, que ocorrerá em novembro na capital francesa. A obra, que será inaugurada na Nuit Blanche parisiense, será uma casa que se derrete, como efeito do aquecimento global.
Brincar com o Obelisco, porém, não é um privilégio do artista. Ao contrário, inscreve-se em uma espécie de gênero na Argentina. O fotógrafo Horacio Coppola (1906-2012) foi o primeiro a experimentar com efeitos óticos a imagem do monumento. Mas a ação mais famosa foi da artista Marta Minujín, em 1979, que expôs um Obelisco caído e um Obelisco feito de pão doce. O primeiro, o “Obelisco Acostado”, foi exibido na Bienal de São Paulo (abaixo).