México é estrela da feira de Buenos Aires
México e Argentina. Dois dos maiores mercados editoriais latino-americanos se reúnem a partir do próximo dia 23, na Feira Internacional do Livro de Buenos Aires.
O mesmo evento que, no ano passado, homenageou a literatura que se produz na periferia de São Paulo agora reunirá mais de 50 autores da Cidade do México, um dos polos editoriais mais tradicionais da região.
“Esse diálogo entre Buenos Aires, São Paulo e Cidade do México expõe como os três maiores mercados da região têm características e hábitos de leitura diferentes”, diz à Folha Oche Califa, diretor artístico do evento.
Se o Brasil é o líder em número absoluto de títulos lançados por ano, a Argentina se destaca quando se compara esse índice à população dos três países (leia ao lado).
Já o México lidera em outro ranking, o daquelas pessoas que leem por prazer. Segundo pesquisa da Unesco, 36% dos mexicanos declararam que leem por prazer ou hobby. Entre os melhores posicionados nessa lista estão ainda o Uruguai (33%) e a Costa Rica (31%), países com alto índice de alfabetização e boas condições de acesso à educação.
Já o Brasil surge num modesto nono lugar (23%). Segundo a mesma pesquisa, a maioria dos leitores brasileiros aponta a leitura como uma necessidade profissional ou de complemento à formação.
O México levará a Buenos Aires alguns de seus melhores escritores em distintos gêneros –a ensaísta Margo Glantz, o poeta Fabio Morábito e a romancista Guadalupe Nettel, por exemplo.
Completarão o time alguns dos mais famosos “argenmex”, geração de intelectuais argentinos que, devido ao regime militar (1976-1983), se exilou no México.
O nome mais conhecido é o do antropólogo Néstor García Canclini, autor de “Culturas Híbridas”, um clássico entre os ensaios culturais da América Latina.
INTERNACIONAIS
No time de convidados internacionais estão o britânico John Banville e o espanhol Javier Cercas. Já o Brasil estará representado por Silviano Santiago. O ex-presidente uruguaio José Mujica será o convidado de honra.
Em sua 41ª edição, a Feira do Livro de Buenos Aires reúne cerca de um milhão de visitantes a cada ano. Diferentemente de grandes feiras da região, as megaeditoras estrangeiras têm menos espaço que selos médios argentinos.
“Desde a crise de 2001, os grandes selos tiveram mais dificuldade de atuar e deram espaço para as pequenas e médias editoras”, diz Califa.
A feira ocorre no pavilhão da Rural, no bairro portenho de Palermo, até 11 de maio.