Sátira argentina homenageia Charlie Hebdo
País com tradição no humor político, social e religioso, a Argentina demonstrou solidariedade com os cartunistas mortos na última semana no ataque terrorista contra a publicação francesa “Charlie Hebdo”. A revista portenha “Barcelona”, que se inspira no semanário parisiense e completa 11 anos em 2015 _nasceu na carona do desespero argentino com a crise de 2001_ lembrou a ocasião em que trouxe na capa o papa Francisco usando brincos e a manchete “Putazo” [puto é o modo coloquial de referir-se, de forma pejorativa, aos gays] . A edicao circulou em outubro de 2014.
“Está claro que viver na França e fazer desenhinhos de Maomé com os lábios pintados não é o mesmo que viver na Argentina e falar do boom de aceitação dos homossexuais dentro da Igreja Católica com o título de “Putazo” [puto significa gay na gíria Argentina] e a foto do papa Francisco com brincos”, disseram, em sua página na internet, os jornalistas-comediantes. Na época, a capa causou polêmica e a publicação recebeu muitas reclamações.
Ontem, os principais cartunistas argentinos reuniram-se no Museu do Humor, em Puerto Madero, para demonstrar repúdio ao ataque. “Yo Soy Charlie” diziam os cartazes levantados por Quino, Carlos Garaycochea, Hermenegildo Sábat y Sendra. Ao ser perguntado sobre como reagiria seu famoso personagem Mafalda diante dos ataques, Quino disse “uma terrível pena”. Conhecido por suas famosas charges políticas, Hermenegildo Sabat declarou “Queremos deixar um testemunho diante da barbárie, que, como sabemos, não irá adiante.”