O drama humano por trás do Canal do Panamá

Sylvia Colombo

 

Neste aniversário de 100 anos do Canal do Panamá, muito se está falando do arrojo de engenharia, da magnitude do projeto do ponto de vista da construção. Porém, os bastidores da história humana por trás da obra, de 77 kilômetros, que une o Atlântico ao Pacífico e transporta US$ 1 bilhão em mercadorias todos os dias, é um drama com um enredo fantástico. É essa novela de emoções, ambições, intrigas, doença e morte que estão no foco do excelente documentário “Panamá, El País que Unió al Mundo”, que estreia hoje no canal History em praticamente todos os países da América Latina, Brasil incluído.

A superprodução retrata desde os antecedentes da ideia de abrir um canal entre os dois oceanos para evitar a terrível e cara viagem ao redor do Cabo Horn. Data ainda do Império Espanhol a primeira vez em que se concebeu a ideia. Depois, em 1881, veio o esforço francês, levado adiante por Ferdinand de Lesseps, o visionário francês que idealizou o Canal de Suez. No Panamá, o ambicioso Lesseps não tem a mesma sorte. Montanhas desabavam, a febre e a malária atacavam os trabalhadores, que morriam aos milhares. A seguir, vem a fase norte-americana, a partir de 1904, e que dura uma década. Década esta em que o Panamá e a Colômbia redefinem sua relação.

“Panamá, El País que Unió al Mundo” tenta reforçar a ideia de uma trama internacional, que envolve sonhadores europeus, trabalhadores asiáticos, e um país em formação, em busca de sua identidade e buscando seu papel na economia internacional (hoje, é um dos países que mais cresce na AL). Filmado no Panamá e na Argentina, refaz essa trajetória a partir do olhar dos protagonistas e com todo o contexto do empreendedor e visionário século 19. Não há como não ver pontos em comum entre essa história e tantas que se desenrolaram em outros pontos da América Latina no mesmo período.