A Argentina não é a Venezuela

Folha

Desde que começaram as mobilizações, principalmente da classe média, contra o governo Cristina Kirchner, o fantasma que assustava os anti-kirchneristas era o do exemplo venezuelano. A mídia opositora também embarcou na ideia de que, se o autoritarismo de Cristina e suas ações contra a imprensa se agravassem, o país estaria cada vez mais parecido ao parceiro caribenho.

A verdade é que o discurso kirchnerista dá muito espaço para que se pense isso. Controle ao dólar, perseguição à imprensa, expropriações, uso indiscriminado da cadeia nacional, são muitos os pontos em comum entre o kirchnerismo e o chavismo. Se levarmos em consideração que, na Argentina, há um aprofundamento do que os governistas chamam de “modelo”, realmente o vínculo com o país de Hugo Chávez se faz mais evidente.

 Porém, na última semana, a Justiça argentina deu provas de que ainda existe mais institucionalidade aqui do que em países como Equador e Venezuela, onde todos, Congresso, Justiça e outros estão completamente à mercê do poder presidencial.

Após passar a semana ouvindo ataques e pressões por parte de membros do governo, os juízes reagiram. Tinham sido chamados de “revoltosos”, pelo ministro da Justiça, Julio Alak, e até acusados de estarem planejando um “golpe de Estado”, segundo o deputado ultra-kirchnerista Carlos Kunkel.

Isso porque o governo pressionou muito para que se mantivesse para a última sexta-feira, o chamado 7D, o prazo final para que os meios que possuem licenças excedentes segundo a Lei de Mídia, aprovada em 2009, apresentassem um plano de venda de suas concessões.

A Lei já está em vigor, mas havia duas cláusulas a que o Clarín, maior conglomerado do país, se opunha e por conta das quais havia entrado na Justiça.

O governo já planejava o leilão das licenças excedentes do grupo, e também realizar uma grande festa por ter conseguido dar a estocada final em seu principal inimigo desde 2008.

Na quinta à noite, porém, a Justiça colocou água nos planos do governo e prorrogou a cautelar que beneficia o Clarín e outros meios que possuem licenças excedentes. Ficou adiada a aplicação dos polêmicos artigos até que seja julgada a chamada “questão de fundo”, ou seja, a inconstitucionalidade da lei, o que deve acontecer em janeiro.

A trama jurídica, pelo visto, vai durar um tempo. E é justamente isso, tempo, que o Clarín quer. A estratégia do grupo, ao que parece, é esperar que se acirre mais a queda de popularidade de Cristina e o desgaste desse governo. No ano que vem, com as eleições legislativas, este pode perder apoio e até ver ameaçada sua maioria no Congresso. Se for assim, será mais difícil mobilizar os poderes para debilitar o império midiático, e a situação toda pode ficar para o próximo governo.

O “não” dos juízes, porém, é um bom sinal. Não por travar a lei, que deve mais é ser discutida e aplicada, caso seja isso que os argentinos decidam, por meio de seus representantes. A negativa do judiciário mostra, porém, que não é correto que o Executivo exerça pressão sobre o Judiciário, e que este atenda os pedidos do governo passando por cima da Constituição. Um ministro da Justiça que faça ameaças a uma corte é algo inaceitável. E a resposta da Justiça deu bem a conta disso.

O mais importante foi confirmar a independência dos poderes. Isso, mais uma sociedade crítica e complexa, aberta a distintos tipos de discussão, fazem da Argentina um país mais difícil a ser dobrado por semi-ditadores, como infelizmente está acontecendo na Venezuela e no Equador.

Comentários

  1. If you want A Argentina não é a Venezuela | Sylvia Colombo – Folha de S.Paulo – Blogs further information about any kind of sunglasses or goggles featured outlined in this article, simply click about the blue product ugg ??? good reputation that item you won’t taken with the its Amazon page where look for more info on it.

  2. Nice read, I just passed this onto a colleague who was doing a little research on that. And he just bought me lunch as I found it for him smile Thus let me rephrase that: Thank you for lunch! “The future is not something we enter. The future is something we create.” by Leonard I. Sweet.

  3. Primary preferences: Front 7(Pour, OLB, ILB), OT. Secondary prefers: QB, Clickbank. So the invoices consider it is a good year to use a QB, The actual or perhaps largely horrible wants are developed in resistive front seven.

  4. What’s the subject matter franchise tag, And why do countless numbers of players loathe it? Every NFL team can designate one player with the operation tag each season. It seems like a large amount for the player at first. A player with the franchise tag is for you to make the average of the top 5 salaries of all players at his position across the league.
    custom denver broncos jerseys http://www.pinterest.com/customjersey/custom-broncos-jersey/

  5. This research reveals research into the impede of merchandise pursuits sponsorships with the nfl(National football league), Mlb(MLB), The nation’s handbags category(NHL), The nation’s hockey organization(Basketball), Along with also the top quality golf players alliance(PGA) In share values regarding supporting providers. The primary using of the analysis is the fact that, Primarily, Press releases could be in conjunction with also goes up in investor achievement. Most of usually unquestionably this particular 53 holds looked into seasoned cause expands available values approximately $257 million.

Comments are closed.