A casa do terror

Folha

Coronel Suárez é uma cidade pacata e pequenina ao sul da província de Buenos Aires. Até a semana passada, pouco se havia escutado falar sobre ela, até que um terrível crime a colocasse em evidência no noticiário.

Aqui na Argentina, os jornais e meios em geral tendem a assumir casos como se fossem novelas, sejam eles políticos, futebolísticos ou policiais. Esse é o caso da “casa do terror” de Coronel Suárez, trazido a público pelos correspondentes no local quase que com retoques literários. Numa semana em que a popularidade de Cristina Kirchner foi colocada à prova devido às repercussões da marcha do 8N, em que a Fragata Liberdade continua parada no porto de Gana e quando aproxima-se a data em que o grupo Clarín será obrigado a responder a um ultimato do governo, o assunto que monopolizou conversas de bares e horas e horas da programação televisiva foi o escabroso crime de Coronel Suárez.

A história de terror envolve a jornalista mais famosa do lugar, a apresentadora Stefanía Heit, 29, e seu namorado, supostamente um pastor religioso evangélico, Jesus Olivera, 28.

Descobriu-se, nada menos, que os dois mantiveram em cativeiro uma mulher de 33 anos, Sonia Molina, por pelo menos três meses. Olivera a havia seduzido na Igreja, depois a tinha convencido a abrir mão de seus bens, a vender uma casa e a sacar dinheiro de suas contas para dar a ele, em troca da promessa de “glória divina”.

Já sem nada no bolso, Sandra abrigou-se na casa dele e de Stefanía. Foi quando verdadeiro o terror começou.

O casal confinou Sandra num espaço de um metro por um metro e meio. Amarrada, sofreu torturas, levou surras e foi violada seguidamente. As sessões eram gravadas pela câmara do celular de Heit. Esse foi o cotidiano na casa da rua Gran Bourg. Sandra era alimentada com comida de cachorro e água com excrementos de animais.

Um dia, o casal resolveu livrar-se dela e a obrigou a escrever, de próprio punho, uma carta de suicídio. Sandra estava magra e enfraquecida. O casal já não via sentido em mantê-la amarrada e a levou para um quarto. Superando a fraqueza extrema, Sandra aproveitou um momento em que ambos haviam saído e forçou a janela do quarto. Conseguiu escapar, mas assustou-se com os quatro cachorros da casa. Com dificuldade, desvencilhou-se deles, subiu num latão encostado no quintal e conseguiu escalar o muro. Do outro lado da rua, correu como podia e, quando viu um táxi chegando, colocou-se na frente dele e o parou, desesperadamente.

Pediu que este a levasse até a casa da família para a qual estivera trabalhando até pouco tempo atrás. Tratava-se de um casal de alemães que viviam numa colônia perto de Coronel Suárez. A mulher espantou-se com o estado de Sonia. Tinha o tórax raquítico, marcas de golpe e feridas em todo o corpo. Ajudou-a a tomar um banho e chamou a polícia.

Enquanto isso, Stefanía e Jesus tentavam limpar a casa e livrar-se de notas e recibos de transferências feitos por Sonia para contas deles. No momento em que saíram para jogar fora um saco cheio delas, a polícia os interceptou e prendeu.

Assim como o caso Candela, menina brutalmente assassinada no ano passado no conurbano bonaerense, o caso de Coronel Suárez está monopolizando as atenções do país. A cada dia, surgem gravações, revelações e detalhes do sofrimento da vítima. Os dois grandes jornais da Argentina adotaram posturas diferentes. Enquanto o “Clarín” explora o crime em cada detalhe, publicando mapas, desenhos, íntegras das conversas e depoimentos, o “La Nación” prefere manter a posição mais séria, atualizando o noticiário apenas com base nas informações da polícia, em tom menos apelativo.

Num momento em que há um enfrentamento violento entre os meios independentes e o governo, um caso como esse é a oportunidade de se exercer bom jornalismo e mostrar que seu crédito com o público está renovado. Afinal, tem sido muito comum encontrar erros de apuração e informação nos grandes jornais. Tão preocupados estão eles em ganhar a batalha com o governo, que se esquecem de investir em reportagem e em buscar alguma objetividade nos fatos. Pelo que se pode ver até aqui, com o caso de Coronel Suárez, é que o “Clarín” segue uma linha apelativa e bastante questionável, enquanto o “La Nación” prefere não cometer excessos, mas tampouco arrisca muito. A debilidade que demonstram ao não conseguir cobrir a história bem e não atender a demanda do público leitor é uma boa amostra de como estão ambos impactados e desgastados pela batalha com o governo.

Comentários

  1. The second model of inkjet replacement cartridges you may get are compatible inkjet cartridges. These are generally fresh just like the cartridge return center gloucester va first kinds but are produced by third social gathering businesses. For anyone hunting to buy, say, less costly Epson ink, suitable inkjet cartridges would A casa do terror | Sylvia Colombo – Folha de S.Paulo – Blogs often be a excellent option. They’re normally that will a hefty standard following ??????? ? unique manufacturer’s expectations but at costs much less expensive costly as compared to the OEM.

  2. Pingback: !!!!!!!!!!!!!
  3. I’m impressed, I should say. Definitely rarely do I encounter a weblog that’s both educative and entertaining, and let me tell you, you’ve hit the nail on the head. Your thought is outstanding; the concern is something that not sufficient people are speaking intelligently about. I am pretty pleased that I stumbled across this in my search for something relating to this.
    cheap sneakers http://funsocialsite.com/blogs/post/1935

  4. We do really need to be ??????? 1400 careful, however, the fact that the product we’re getting to get a reduced price is in fact real and not a chinese junk product. Knock offs will likely be cheaply made and definately will often have really bad workmanship and stitching. A casa do terror | Sylvia Colombo – Folha de S.Paulo – Blogs it should crumble on you for only every week). Knockoffs will not be of the same luxury and quality since the real handbags and you’ll probably tell yourself if at all a true Gucci maybe a bit of junk, by only touching the pad within the bag.

  5. I discovered your weblog site on google and check a couple of of your early posts. Continue to keep up the particularly wonderful operate. I just extra up your RSS feed to my MSN News Reader. Searching for forward to reading alot more from you later on!

  6. Pingback: Shopping
  7. 12 months after 12 months, I acquired a pound or 2 or five. It was a slow transition and I barely observed it (or at least refused to acknowledge it). Exact same with my growing amounts of lethargy and fatigue. Eventually although, adequate was enough, and like so numerous people I tried a couple of different diet programs. I experimented with “viewing what I eat” initial. That had NO Impact at all.

  8. Good ?I should certainly pronounce, impressed with your web site. I had no trouble navigating through all the tabs as well as related info ended up being truly easy to do to access. I recently found what I hoped for before you know it at all. Reasonably unusual. Is likely to appreciate it for those who add forums or something, site theme . a tones way for your customer to communicate. Excellent task.

Comments are closed.