Cristina e os estudantes

Folha

A passagem de Cristina Kirchner pelos Estados Unidos na semana passada, para participar da Assembleia Geral da ONU, acabou ficando marcada por um outro evento, inusitado e ruidoso.

As visitas às universidades de Georgetown e Harvard, que à primeira vista pareciam inofensivas, acabaram colocando a presidente em maus lençóis.

Desde que assumiu a Presidência pela primeira vez, em 2007, Cristina deu raríssimas entrevistas, e apenas para meios governistas. O pedido dos jornalistas, tanto argentinos como estrangeiros, para que responda a perguntas sobre sua administração se renova a todo o momento, mas os kirchneristas não cedem. Em abril, um grupo dos mais importantes jornalistas do país realizou um manifesto num canal aberto, sob o lema “queremos perguntar”. Não houve resposta.

Pois na última quinta-feira, Cristina não teve como escapar. Não eram jornalistas, mas sim jovens estudantes de Harvard os que puderam, por fim, fazer algumas perguntas à presidente.

Por cerca de 45 minutos, um grupo de valentes e nervosos argentinos e latino-americanos em geral desfilaram questões sobre os aspectos mais polêmicos da gestão Cristina.

A presidente se irritou, contestou de forma ríspida e contou algumas mentiras. Primeiro, sobre o cerco ao dólar. Disse que a expressão era uma construção midiática e que os argentinos podiam viajar e comprar a moeda livremente, algo que não se confirma pela revolta e o testemunho daqueles que tentam todos os dias e não conseguem.

Depois, foi confrontada com a questão das acusações de enriquecimento ilícito. Uma jovem perguntou como ela poderia explicar que sua fortuna pessoal passasse de 2 milhões para 79 milhões de pesos em oito anos. Cristina disse que os números eram falsos, mas o fato é que estão em sua declaração. Irritada, Cristina disse que ter dinheiro se devia ao fato de ela ter sido “uma advogada de sucesso” e que agora era “uma presidente de sucesso”.

Mas o clima esquentou mesmo quando um jovem da província de San Juan perguntou se, diante dos protestos que estavam havendo na Argentina, não era o caso de ela passar a aceitar algumas críticas. O garoto disse que se sentia privilegiado por ser “um dos poucos argentinos que podiam fazer-lhe perguntas”.

Cristina o constrangeu, dizendo que ele não estava bem informado, que falava com os argentinos “todos os dias” por meio de suas conferências e passou a defender a Lei de Meios. Depois pediu que ele repetisse a pergunta. Como o menino estava nervoso e demorou para dizer algo, Cristina riu dele: “Ah, você não se lembra?”.

Todo o episódio repercutiu amplamente nos meios argentinos. Os governistas dizendo que os estudantes haviam sido manipulados pelos grandes meios, que jornalistas opositores haviam pressionado os estudantes para fazerem as perguntas. A mídia opositora reforçou a brutalidade das respostas de Cristina e sua postura autoritária com relação aos garotos.

O que ficou claro com a passagem é que a falta de transparência na Argentina hoje é tão grande que um simples questionário de um grupo de estudantes pode virar um assunto de Estado. Cristina mostrou-se despreparada para um debate, tergiversando, mentindo e, alguns casos, tentando humilhar seus interlocutores.

Com a aproximação do dia 7 de dezembro, dia do “ultimato” estipulado para que o grupo “Clarín” abra mão de um de seus meios, o governo mostra-se agressivo a outras vozes e a questionamentos.

É de se temer pela Argentina que acordará no dia 8 de dezembro.

Comentários

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