Zoológico sem animais

Sylvia Colombo

“Agora se lembraram dos animais, que estão aí há tanto tempo?”, perguntava-se o taxista, inconformado, enquanto o carro atravessava a multidão de pessoas que realizaram um “abraço” ao zoológico de Buenos Aires, no último domingo, carregando faixas e cartazes.

Um dos espaços públicos mais célebres da capital argentina está no centro de uma polêmica que tem contornos ecológicos e políticos. Fundado em 1875 dentro do complexo de parques Tres de Febrero, em Palermo, o zoo porteño reúne 2 mil animais de 73 espécies, uma imensa área verde e prédios vitorianos.

O parque pertence à cidade, mas está sob concessão desde 1991. Às vésperas de um leilão marcado para definir o destino do complexo, um grupo de ativistas de direitos dos animais tem se mobilizado para pedir que os bichos sejam devolvidos à natureza.

No lugar de um zoológico tradicional, pedem que se faça um “parque ecológico” sem a presença dos animais, e que se destine mais a funções educativas e de pesquisas. Nos últimos dias, as manchetes dos jornais, que diziam: “Propõem que zoológico não tenha animais”, não deixava de causar certa graça, por mais nobre que seja a causa.

O fundo do debate, porém, é político. Os ativistas estão também opondo-se à administração da cidade, que é comandada por Mauricio Macri (PRO), um dos mais fortes opositores de Cristina Kirchner. Por conta disso, os meios governistas abraçaram a causa dos grupos mobilizados e também pedem um zoo sem bichos.

Seja qual for a motivação dos envolvidos, o fato é que a instituição vem deixando a desejar. Segundo relatórios recentes, de 1990 a 2008 o zoológico perdeu 31 espécies de mamíferos e 72 de pássaros, representando 23% e 55%, respectivamente, das coleções. O parque, que lota aos finais de semana, é demasiado voltado à diversão, com longas filas e crianças ávidas por alimentar os animais sem muita regulação. Pesquisa não parece ser sua prioridade.

Entre um panelaço pelas restrições ao dólar e uma marcha contra a violência, os porteños agora também protestam pelo destino de seus animais. É a animada democracia argentina.

Comentários

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