Ferréz em Buenos Aires

Sylvia Colombo

O escritor paulistano Ferréz encerrou ontem à noite uma série de atividades na capital argentina com uma entrevista no Malba (Museo de Arte Latinoamericana de Buenos Aires). A literatura marginal da periferia de São Paulo desembarcou de forma abrupta nesse recanto chique e sofisticado do circuito das artes portenho. Por quase duas horas, na região mais nobre e cara de Palermo, ouviu-se o “dialeto” da perifa paulistana, e palavras e expressões como “viatura”, “é nóis”, “quebrada” e “favela” confundiram os tradutores simultâneos. Em certo momento, quando Ferréz começou a declamar sua poesia, eles simplesmente desistiram de acompanhar.

A professora de literatura da UBA Lucia Teninna, uma argentina especialista em literatura urbana de SP, contou que se apaixonou pelo tema quando percebeu que os poetas marginais da cidade lhe passavam uma ideia de Brasil diferente das que têm os argentinos em geral. De fato, aqui, como em outras partes, o país é antes de tudo sinônimo de praia, Carnaval e futebol e nada mais. O trabalho de Ferréz soa novo, estranho, mas não tão distante de uma cidade que vai conhecendo cada vez mais de perto o drama das favelas e que possui mais moradores de rua hoje do que no passado.

Ferréz apresentou o “Manual Prático do Ódio”, que está sendo lançado aqui, mas falou também de “Capão Pecado”, obra que o lançou, em 2005, de rap e de imprensa. Disse que agora está escrevendo mais sobre a classe média, e não tanto sobre a favela, onde ainda vive. “É uma espécie de vingança, depois de a classe média fazer tanto filme e tanto livro sobre como é a favela.”

O escritor deu ainda uma palestra na UBA e participou de um encontro entre militantes de movimentos literários. Chegou ao Malba para a entrevista, realizada no auditório do museu, com uma sacola cheia de gibis comprados em suas andanças pela cidade.

Em seu blog, escreveu ontem:“Salve rapa, ainda estou em Buenos Aires, uma das cidades mais bonitas que já vi em mi vida. prédios históricos, boa comida e muita militância política e cultural.”

 

Comentários

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