Argentina e Chile se abraçam

Sylvia Colombo

Muitos aqui viram as imagens pela TV com desconfiança. Afinal, Argentina e Chile alimentam desde suas independências uma rivalidade histórica.

Primeiro, ela foi marcada pela disputa de território da região da Patagônia, ao sul, e durou quase todo o século 19. O Chile ansiava ter um território um pouco mais gordinho e não ficar apertadinho entre os Andes e o mar, como é hoje, enquanto a Argentina esperava não ter de dividir espaços como a ilha da Terra do Fogo. Por muito tempo, boa parte da região andina de Cuyo, na Argentina, pertenceu ao Chile e até hoje muitos hábitos das primeiras ocupações permanecem nessa área.

Já no século 20, os dois países estiveram em lados opostos durante a Guerra das Malvinas, em 1982. Enquanto os argentinos invadiram as ilhas na tentativa de recuperá-las dos ingleses, que os haviam expulsado em 1833, os chilenos apoiavam a Inglaterra. Governado pelo ditador Augusto Pinochet, o Chile foi um aliado importante do governo britânico de Margaret Thatcher, fornecendo ajuda e logística.

Por essas e outras, as imagens de hoje, de Cristina Kirchner aos abraços e sorrisos ao lado de Sebastián Piñera, em Santiago, provocaram uma certa desconfiança nos argentinos. Se oficialmente o governo do país andino diz hoje apoiar a reivindicação argentina pela soberania das ilhas, por outro, os mais de 200 chilenos que vivem lá fazem protestos para que continuem a pertencer ao Reino Unido.

Os tempos são outros, basta o exemplo de como titulou o jornal “Pagina12”, que apóia o kirchnerismo, a tentativa dos ingleses de recuperar o apoio chileno: “Cameron ligou para o Chile, mas não encontrou Pinochet”. Seria bom para o Mercosul que os países realmente se reaproximassem, mas não só por conta da questão midiática das Malvinas. Empresários chilenos têm reclamado das travas às importações argentinas, e sobre isso os dois presidentes aparentemente não conversaram.

Nas ruas, por ora, a rivalidade que se vê é futebolística. O Chile anda encantado com o atacante Alexis Sanchez, que hoje é companheiro de equipe de Messi, no Barcelona. Sanchez está em vários anúncios de celulares e artigos esportivos e muitos acham que poderá igualar-se a Messi agora que está num clube de grande projeção. Na Argentina, por supuesto, creem que esse é um sonho que nunca se realizará.

 

 

 

 

Comentários

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