Os eleitos do Goya
“Parece que no final haverá paz para os malvados”, disse a diretora espanhola Isabel Coixet, na noite da entrega do Goya, prêmio máximo do cinema de língua hispânica, no último domingo, em Madrid.
Coixet fazia uma brincadeira com o título do filme que foi o grande vencedor da noite, “No Habrá Paz para los Malvados” (não haverá paz para os malvados), para referir-se à justiça espanhola, que acaba de suspender o juiz Baltasar Garzón, impedindo que se dê sequência aos julgamentos dos crimes do franquismo. O ambiente de repúdio às decisões recentes do governo conservador da Espanha esteve por trás da premiação.
E a diretora, que ganhou ela mesma o prêmio de melhor documentário por “Escuchando al Juez Garzón”, uma larga entrevista com o magistrado, foi uma das entusiastas do filme de Enrique Urbizu, que destronou ninguém menos do que Pedro Almodóvar.
O diretor de “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos” ficou novamente a ver navios na festa. O Goya e a Academia de Cinema espanhola mais uma vez lhe dão as costas.
Apesar de ter gostado muito de “A Pele que Habito”, é fácil entender porque o júri resolveu premiar “No Habrá Paz para los Malvados”. Trata-se de um thriller, inspirado por um versículo do profeta Isaías, que mostra uma Madri violenta, urbana, cheia de vida e violência em seus porões e sob a sombra dos atentados terroristas de 11 de março de 2004.
O cinema espanhol é conhecido por suas comédias, seus dramas e seus filmes de fantasia. O filme de Urbizu quebra com essa tradição, com uma aventura de suspense urbano, que tem como anti-heroi um policial desenganado, encarnado pelo excelente José Coronado. Ele se joga solitário numa investigação suicida, e impõe o ritmo de sua vida, oscilando entre o álcool e seus valores pessoais, à uma perseguição cujo desenlace é relativamente previsível. Filme de alta voltagem, “No Habrá Paz…” desbancou as perversões e o estilo de Almodóvar.
Por aqui, foi muito comemorado o prêmio que arrebatou o argentino “Um Conto Chinês”, o de melhor produção ibero-americana. Ignacio Huang, o ator que praticamente não fala no filme, na vida real mostra-se bastante mais articulado. Causa sensação, logo de cara, o fato de que ele fala, sim, espanhol, e muito. Nascido em Taipei, vive em Buenos Aires desde os 11, e tem sotaque porteño perfeito. O filme ganha atualidade por tratar de modo lateral, mas contundente, da Guerra das Malvinas, episódio que completa 30 anos em abril e tem ocupado o noticiário argentino.
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